domingo, 20 de maio de 2007

A Era Industrial

A evolução tecnológica da humanidade

A revolução industrial que teve seu início por volta de 1750 com o surgimento das máquinas a vapor, na Inglaterra, foi mais uma etapa da evolução tecnológica da humanidade.

Podemos dividir essa evolução tecnológica em três etapas:

· A primeira fase foi a do artesanato, na qual cada artesão era dono de suas ferramentas, controlava o ritmo da produção e determinava o valor final de cada produto.

· A Segunda fase acontece no final da Idade Média, quando surgiram as primeiras manufaturas. Agora os capitalistas controlavam o processo produtivo, eram os donos das fábricas, determinavam o ritmo da produção e o valor final das mercadorias. Aos trabalhadores cabia apenas o recebimento de um salário mensal.

· A partir de meados do séc XVIII, a história da humanidade entra na Terceira fase, a Era Industrial.

Fases da Revolução Industrial

A partir de 1750 a Inglaterra cria a máquina a vapor e dá um grande salto no desenvolvimento tecnológico (Primeira Fase da Revolução Industrial).

Quatro fatores determinaram o pioneirismo inglês:

Seu subsolo possuía grandes reservas de carvão mineral – o carvão era a principal fonte de energia das novas fábricas.

Havia ainda as grandes reservas de minério de ferro, material usado na construção das máquinas.

Uma grande quantidade de desempregados vivendo nas cidades inglesas, podiam ser usados como mão-de-obra barata;

E por fim a burguesia inglesa havia acumulado muito capital, podendo investi-lo na construção de grandes fábricas.

A Revolução Industrial tornou a Inglaterra a maior potência econômica do séc. XVIII. Porém a riqueza estava concentrada nas mãos de uma minoria, a burguesia, que ostentava uma vida de luxo e mordomias.

A maioria do povo inglês ao contrário era miserável. Recebia salários irrisórios, e mesmo crianças eram empregadas nas mais diversas atividades sendo submetidas a longas jornadas de trabalho que duravam em média 15 horas diárias.Os capitalistas preferiam contratar mulheres e crianças, pois seus salários eram mais baixos do que os salários de homens adultos.

Apesar de toda injustiça social, a Primeira Fase da Revolução Industrial foi marcada por descobertas e invenções extraordinárias como do trem e o navio a vapor.

Por volta de 1850, o mundo passa a viver a Segunda fase da Revolução Industrial, caracterizada pelo uso de novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade. As máquinas se tornam cada vez mais automatizadas e o nível de consumo das pessoas mais pobres também aumentam.

A partir de meados do século XX, a humanidade entrou (segundo alguns pesquisadores), na Terceira Fase da Revolução Industrial. Esse período que se estende até os dias atuais sendo marcado pelo uso de computadores e o desenvolvimento da robótica. Também foi no séc. XX, que o movimento sociais se fortaleceram garantindo aos trabalhadores a conquista de inúmeros direitos sociais.

Embora o nível de vida das populações venham melhorando progressivamente, a industrialização mundial foi incapaz de acabar com antigos problemas sociais como: a fome, a miséria, os preconceitos. Além disso, a exploração irracional e desenfreada dos recursos naturais em nome da satisfação pessoal e do consumo, tem posto em perigo a própria vida na Terra.

Assim, é importante que paremos para refletir sobre as conquistas alcançadas pela humanidade, e os desafios para o futuro próximo.

A Sociedade Industrial

A Revolução industrial não foi apenas um avanço tecnológico. A invenção das máquinas a vapor modificou também as relações de trabalho e os valores morais e éticos, que até o século XVIII orientaram o convívio social.

O primeiro impacto que a maquinofatura provocou foi a transformação do artesão em operário. Como artesão o trabalhador conhecia todas as etapas do processo produtivo, determinava o ritmo do seu trabalho e o valor do seu produto.

Como operário o trabalhador recebe apenas pelas horas que trabalha, não conhece todas as etapas do processo produtivo (é alienado, segundo Marx), o ritmo de sua produção é definido pelo dono da fábrica, assim como o valor do produto final. Por fim, os salários dos operários são muito inferiores aos valores dos produtos que ele fabrica, e esses lucros, ficam sempre nas mãos dos capitalistas. Para Marx essa apropriação do lucro por parte dos capitalistas é chamada de mais-valia.

O segundo impacto que a industrialização provocou foi de caráter social: a pobreza. Mesmo com o crescimento do consumo, as indústrias nunca conseguiram empregar uma quantidade de trabalhadores suficiente para acabar com o desemprego. Por isso, desde o séc. XVIII, a miséria e a fome são os problemas mais graves e freqüentes nas grandes cidades.

Nos séculos XVIII e XIX, as condições de vida e trabalho dos operários eram muito precárias. Cidades como Londres chegavam a ter cerca de 4 milhões de habitantes, sendo a grande maioria miserável vivendo em condições sub-humanas. Ao redor das áreas industriais dessas cidades, surgiram favelas, sem saneamento básico, ruas calçadas ou infra-estrutura social. Tal como nas favelas da atualidade, nesses bairros pobres imperava a violência.

Oprimidos e explorados, no início do séc. XIX, os operários começaram a se organizar em movimentos de revolta contra a industrialização – invadiam as fábricas, destruíam as máquinas e muitas vezes incendiavam os prédios. Como algumas dessas revoltas foram lideradas por um trabalhador chamado Ned Ludd, esses movimentos passaram a ser conhecidos como LUDISMO.

A repressão ao ludismo foi violenta, mas com medo da força dos trabalhadores os capitalistas tomaram as primeiras medidas em favor do proletariado - deixaram de reduzir excessivamente os salários.

Percebendo a força que tinham ao se unirem, no séc. XX os operários começaram a formar associações chamadas de Trade Unions que foram os primeiros sindicatos.

Organizados, os operários começaram a se fortalecer e passaram a fazer greves exigindo melhores condições de vida e trabalho. Foram inúmeras as vitórias obtidas: diminuição da jornada de trabalho; proibição do trabalho infantil, aumento dos salários, entre outras.

A partir de 1830, os operários começaram também a exigir o direito de voto dos homens, esse movimento em favor dos direitos políticos foi conhecido como Cartista. Embora o movimento fosse se fortalecendo, apenas em 1867, o voto foi estendido a todos os homens, independente da sua riqueza.

As Novas Doutrinas Sociais

A luta dos operários inspirou vários cientistas sociais, filósofos e economistas que tentaram explicar a sociedade industrial que estava surgindo. Os principais pensadores sociais e suas teorias acabaram sendo agrupados em basicamente cinco doutrinas sociais:

O Socialismo Utópico

Essa doutrina pretendia criar uma sociedade igualitária, ou pelo menos mais justa e harmoniosa. Alguns dos pensadores que defendiam o Socialismo Utópico foram Saint-Simon, Pierre-Joseph Proudhon e Robert Owen.

Owen era um empresário rico, e criou uma fábrica modelo com jornada de trabalho de 10 horas, construiu creches e enfermarias para os operários, entre outras melhorias nas condições de trabalho. Porém Owen gastou tanto com seus projetos sociais que fico descapitalizado e incapaz de enfrentar a concorrência da época, acabando por ir à falência.

Socialismo Científico

Proposto por Karl Marx e Engels essa doutrina queria o fim da propriedade privada, pregava que os operários deveriam tomar o poder através de uma revolução e aos poucos construir uma nova sociedade, na qual as terras e as fábricas pertenceriam a todos. Acreditavam que o Estado deveria planejar o crescimento e a distribuição de riquezas, a fim de acabar definitivamente com a miséria.

Os pensamentos de Marx inspiraram a Revolução Russa de 1917.

O Anarquismo

Era contrário à existência da propriedade privada e do Estado, os anarquistas acreditavam que os homens conscientemente poderiam conviver em harmonia. Alguns anarquistas eram contrários a qualquer manifestação de poder como o Estado, a Igreja e até mesmo a família. Outros só aceitavam a organização dos trabalhadores em sindicatos, e outros defendiam ainda uma sociedade agrária igualitária. Os maiores defensores do anarquismo foram Bakunin e Proudhon

O Socialismo Cristão

Foi um pensamento defendido por membros da Igreja Católica, que acreditavam que capitalistas e operários deveriam chegar a acordos que favorecessem os interesses dos dois grupos. Para alcançar essa harmonia, defendiam a intervenção do Estado e a criação de uma legislação trabalhista.

O Capitalismo

O Capitalismo acabou prevalecendo sobre as demais doutrinas. Ele defende a propriedade privada, a busca por lucro, o individualismo, e a economia baseada no mercado, ou seja, no valor de troca que cada produto possui, inclusive a força de trabalho.

Nos séc. XVIII e XIX alguns pensadores se destacaram por defender o capitalismo:

Adam Smith

Defendia a livre concorrência e o individualismo, afirmando que ao buscar o melhor para si, cada um estaria promovendo o bem de todos. Por isso, o Estado deveria intervir o mínimo possível na sociedade.

Thomas Malthus

Acreditava que os problemas sociais eram causados pelo grande crescimento populacional. Como a maioria da população era pobre, e as famílias carentes tinham muitos filhos, eram os trabalhadores os culpados pela sua própria miséria. A única forma de conter o crescimento populacional eram as epidemias, guerras e desastres naturais como os terremotos, que matavam milhares de pessoas em um curto espaço de tempo.

Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda, ou ações governamentais para diminuir os problemas sociais como a fome e as doenças, pois isso levaria ao crescimento ainda mais rápido da população.

David Ricardo

Foi um economista muito respeitado, afirmava que valor era diferente de riqueza. O valor era a quantidade de tempo trabalhado para produzir uma mercadoria. Assim o tempo deveria ser curto, e o salário pago ao trabalhador deveria ser o mínimo possível, para garantir o lucro sobre o produto. Dessa maneira o pensamento de Ricardo justificava as desigualdades sociais.

A sociedade capitalista da atualidade continua se sustentando nos princípios lançados nos séc. XVIII e XIX, ou seja, o individualismo, a busca pelo lucro, o respeito à propriedade privada. Mas os graves problemas causados pelas diferenças sociais, e a luta dos trabalhadores pela construção de uma sociedade mais justa, levou o Capitalismo a se adaptar às necessidades do mundo Contemporâneo. O Estado na atualidade tem o papel primordial de garantir a todos os cidadãos direitos iguais à vida, à segurança e à busca da felicidade pessoal, mas todos têm a consciência de que esses ideais só serão alcançados em uma nova sociedade mais espiritualizada e menos consumista.

As aulas desse assunto estão em:

Fases da Revolução Industrial

Sociedade Industrial

Um comentário:

Michelle disse...
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