A Era Industrial
A evolução tecnológica da humanidade
A revolução industrial que teve seu início por volta de 1750 com o surgimento das máquinas a vapor, na Inglaterra, foi mais uma etapa da evolução tecnológica da humanidade.
Podemos dividir essa evolução tecnológica em três etapas:
· A primeira fase foi a do artesanato, na qual cada artesão era dono de suas ferramentas, controlava o ritmo da produção e determinava o valor final de cada produto.
· A Segunda fase acontece no final da Idade Média, quando surgiram as primeiras manufaturas. Agora os capitalistas controlavam o processo produtivo, eram os donos das fábricas, determinavam o ritmo da produção e o valor final das mercadorias. Aos trabalhadores cabia apenas o recebimento de um salário mensal.
· A partir de meados do séc XVIII, a história da humanidade entra na Terceira fase, a Era Industrial.
Fases da Revolução Industrial
A partir de 1750 a Inglaterra cria a máquina a vapor e dá um grande salto no desenvolvimento tecnológico (Primeira Fase da Revolução Industrial).
Quatro fatores determinaram o pioneirismo inglês:
• Seu subsolo possuía grandes reservas de carvão mineral – o carvão era a principal fonte de energia das novas fábricas.
• Havia ainda as grandes reservas de minério de ferro, material usado na construção das máquinas.
• Uma grande quantidade de desempregados vivendo nas cidades inglesas, podiam ser usados como mão-de-obra barata;
• E por fim a burguesia inglesa havia acumulado muito capital, podendo investi-lo na construção de grandes fábricas.
A Revolução Industrial tornou a Inglaterra a maior potência econômica do séc. XVIII. Porém a riqueza estava concentrada nas mãos de uma minoria, a burguesia, que ostentava uma vida de luxo e mordomias.
A maioria do povo inglês ao contrário era miserável. Recebia salários irrisórios, e mesmo crianças eram empregadas nas mais diversas atividades sendo submetidas a longas jornadas de trabalho que duravam em média 15 horas diárias.Os capitalistas preferiam contratar mulheres e crianças, pois seus salários eram mais baixos do que os salários de homens adultos.
Apesar de toda injustiça social, a Primeira Fase da Revolução Industrial foi marcada por descobertas e invenções extraordinárias como do trem e o navio a vapor.
Por volta de 1850, o mundo passa a viver a Segunda fase da Revolução Industrial, caracterizada pelo uso de novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade. As máquinas se tornam cada vez mais automatizadas e o nível de consumo das pessoas mais pobres também aumentam.
A partir de meados do século XX, a humanidade entrou (segundo alguns pesquisadores), na Terceira Fase da Revolução Industrial. Esse período que se estende até os dias atuais sendo marcado pelo uso de computadores e o desenvolvimento da robótica. Também foi no séc. XX, que o movimento sociais se fortaleceram garantindo aos trabalhadores a conquista de inúmeros direitos sociais.
Embora o nível de vida das populações venham melhorando progressivamente, a industrialização mundial foi incapaz de acabar com antigos problemas sociais como: a fome, a miséria, os preconceitos. Além disso, a exploração irracional e desenfreada dos recursos naturais em nome da satisfação pessoal e do consumo, tem posto em perigo a própria vida na Terra.
Assim, é importante que paremos para refletir sobre as conquistas alcançadas pela humanidade, e os desafios para o futuro próximo.
A Sociedade Industrial
A Revolução industrial não foi apenas um avanço tecnológico. A invenção das máquinas a vapor modificou também as relações de trabalho e os valores morais e éticos, que até o século XVIII orientaram o convívio social.
O primeiro impacto que a maquinofatura provocou foi a transformação do artesão em operário. Como artesão o trabalhador conhecia todas as etapas do processo produtivo, determinava o ritmo do seu trabalho e o valor do seu produto.
Como operário o trabalhador recebe apenas pelas horas que trabalha, não conhece todas as etapas do processo produtivo (é alienado, segundo Marx), o ritmo de sua produção é definido pelo dono da fábrica, assim como o valor do produto final. Por fim, os salários dos operários são muito inferiores aos valores dos produtos que ele fabrica, e esses lucros, ficam sempre nas mãos dos capitalistas. Para Marx essa apropriação do lucro por parte dos capitalistas é chamada de mais-valia.
O segundo impacto que a industrialização provocou foi de caráter social: a pobreza. Mesmo com o crescimento do consumo, as indústrias nunca conseguiram empregar uma quantidade de trabalhadores suficiente para acabar com o desemprego. Por isso, desde o séc. XVIII, a miséria e a fome são os problemas mais graves e freqüentes nas grandes cidades.
Nos séculos XVIII e XIX, as condições de vida e trabalho dos operários eram muito precárias. Cidades como Londres chegavam a ter cerca de 4 milhões de habitantes, sendo a grande maioria miserável vivendo em condições sub-humanas. Ao redor das áreas industriais dessas cidades, surgiram favelas, sem saneamento básico, ruas calçadas ou infra-estrutura social. Tal como nas favelas da atualidade, nesses bairros pobres imperava a violência.
Oprimidos e explorados, no início do séc. XIX, os operários começaram a se organizar em movimentos de revolta contra a industrialização – invadiam as fábricas, destruíam as máquinas e muitas vezes incendiavam os prédios. Como algumas dessas revoltas foram lideradas por um trabalhador chamado Ned Ludd, esses movimentos passaram a ser conhecidos como LUDISMO.
A repressão ao ludismo foi violenta, mas com medo da força dos trabalhadores os capitalistas tomaram as primeiras medidas em favor do proletariado - deixaram de reduzir excessivamente os salários.
Percebendo a força que tinham ao se unirem, no séc. XX os operários começaram a formar associações chamadas de Trade Unions que foram os primeiros sindicatos.
Organizados, os operários começaram a se fortalecer e passaram a fazer greves exigindo melhores condições de vida e trabalho. Foram inúmeras as vitórias obtidas: diminuição da jornada de trabalho; proibição do trabalho infantil, aumento dos salários, entre outras.
A partir de 1830, os operários começaram também a exigir o direito de voto dos homens, esse movimento em favor dos direitos políticos foi conhecido como Cartista. Embora o movimento fosse se fortalecendo, apenas em 1867, o voto foi estendido a todos os homens, independente da sua riqueza.
As Novas Doutrinas Sociais
A luta dos operários inspirou vários cientistas sociais, filósofos e economistas que tentaram explicar a sociedade industrial que estava surgindo. Os principais pensadores sociais e suas teorias acabaram sendo agrupados em basicamente cinco doutrinas sociais:
O Socialismo Utópico
Essa doutrina pretendia criar uma sociedade igualitária, ou pelo menos mais justa e harmoniosa. Alguns dos pensadores que defendiam o Socialismo Utópico foram Saint-Simon, Pierre-Joseph Proudhon e Robert Owen.
Owen era um empresário rico, e criou uma fábrica modelo com jornada de trabalho de 10 horas, construiu creches e enfermarias para os operários, entre outras melhorias nas condições de trabalho. Porém Owen gastou tanto com seus projetos sociais que fico descapitalizado e incapaz de enfrentar a concorrência da época, acabando por ir à falência.
Socialismo Científico
Proposto por Karl Marx e Engels essa doutrina queria o fim da propriedade privada, pregava que os operários deveriam tomar o poder através de uma revolução e aos poucos construir uma nova sociedade, na qual as terras e as fábricas pertenceriam a todos. Acreditavam que o Estado deveria planejar o crescimento e a distribuição de riquezas, a fim de acabar definitivamente com a miséria.
Os pensamentos de Marx inspiraram a Revolução Russa de 1917.
O Anarquismo
Era contrário à existência da propriedade privada e do Estado, os anarquistas acreditavam que os homens conscientemente poderiam conviver em harmonia. Alguns anarquistas eram contrários a qualquer manifestação de poder como o Estado, a Igreja e até mesmo a família. Outros só aceitavam a organização dos trabalhadores em sindicatos, e outros defendiam ainda uma sociedade agrária igualitária. Os maiores defensores do anarquismo foram Bakunin e Proudhon
O Socialismo Cristão
Foi um pensamento defendido por membros da Igreja Católica, que acreditavam que capitalistas e operários deveriam chegar a acordos que favorecessem os interesses dos dois grupos. Para alcançar essa harmonia, defendiam a intervenção do Estado e a criação de uma legislação trabalhista.
O Capitalismo
O Capitalismo acabou prevalecendo sobre as demais doutrinas. Ele defende a propriedade privada, a busca por lucro, o individualismo, e a economia baseada no mercado, ou seja, no valor de troca que cada produto possui, inclusive a força de trabalho.
Nos séc. XVIII e XIX alguns pensadores se destacaram por defender o capitalismo:
Adam Smith
Defendia a livre concorrência e o individualismo, afirmando que ao buscar o melhor para si, cada um estaria promovendo o bem de todos. Por isso, o Estado deveria intervir o mínimo possível na sociedade.
Thomas Malthus
Acreditava que os problemas sociais eram causados pelo grande crescimento populacional. Como a maioria da população era pobre, e as famílias carentes tinham muitos filhos, eram os trabalhadores os culpados pela sua própria miséria. A única forma de conter o crescimento populacional eram as epidemias, guerras e desastres naturais como os terremotos, que matavam milhares de pessoas em um curto espaço de tempo.
Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda, ou ações governamentais para diminuir os problemas sociais como a fome e as doenças, pois isso levaria ao crescimento ainda mais rápido da população.
David Ricardo
Foi um economista muito respeitado, afirmava que valor era diferente de riqueza. O valor era a quantidade de tempo trabalhado para produzir uma mercadoria. Assim o tempo deveria ser curto, e o salário pago ao trabalhador deveria ser o mínimo possível, para garantir o lucro sobre o produto. Dessa maneira o pensamento de Ricardo justificava as desigualdades sociais.
A sociedade capitalista da atualidade continua se sustentando nos princípios lançados nos séc. XVIII e XIX, ou seja, o individualismo, a busca pelo lucro, o respeito à propriedade privada. Mas os graves problemas causados pelas diferenças sociais, e a luta dos trabalhadores pela construção de uma sociedade mais justa, levou o Capitalismo a se adaptar às necessidades do mundo Contemporâneo. O Estado na atualidade tem o papel primordial de garantir a todos os cidadãos direitos iguais à vida, à segurança e à busca da felicidade pessoal, mas todos têm a consciência de que esses ideais só serão alcançados em uma nova sociedade mais espiritualizada e menos consumista.
As aulas desse assunto estão em:
Um comentário:
Postar um comentário