quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O HOMEM COMO PROPRIEDADE: A ESCRAVIDÃO

INTRODUÇÃO
A escravidão faz parte da história da humanidade, as grandes civilizações na Antiguidade utilizavam escravos para a realização de tarefas mais difíceis ou desgastantes a exemplo dos templos e pirâmides egípcias, construídas por escravos; na Grécia, os endividados podiam se tornar escravos por um prazo de sete anos, para compensarem suas dívidas; e o Império Romano, só alcançou seu apogeu econômico em função do trabalho escravo nas lavouras; na América, os Maias usavam os escravos, obtidos em guerras contra seus inimigos em sacrifícios religiosos. Mas a escravidão também era conhecida por sociedades menores, várias tribos africanas aprisionavam e escravizavam os inimigos derrotados em guerras; A escravidão também era conhecida entre os índios brasileiros, em guerra pela conquista de territórios, os inimigos eram escravizados. Várias tribos brasileiras eram canibais, e acabavam usando seus escravos em rituais religiosos – matavam e devoravam os prisioneiros, acreditando que assim estariam tomando para si seu espírito, sua força e coragem.
Assim, na história da humanidade, as civilizações sempre acabaram entrando em contato de uma forma ou de outra com a escravidão, mas o que torna um homem um escravo? O escravo é a pessoa que perde a sua liberdade, não pode mais decidir o que fazer, para onde ir, o que comer, ou seja, o ESCRAVO deixa de ser visto como um ser humano e passa a ser visto como um OBJETO, uma PROPRIEDADE de outra pessoa.
A história do Brasil está marcada pela escravidão. Muitos homens viveram, em nosso país, como escravos - foram explorados, maltratados sem piedade, mas também lutaram para reconquistarem sua liberdade. É isso que vamos estudar.

MOTIVOS PARA O USO DE ESCRAVOS NO BRASIL.
            Em 1498, Portugal inicia seu processo de expansão territorial sobre regiões ficavam na costa africana. Inicialmente as terras conquistadas por Portugal, na costa da África serviam mais como entreposto comercial, fornecendo matérias-primas como especiarias que eram comercializadas na Europa. Em 1500, Cabral chega ao Brasil, porém aqui a inexistência de especiarias disponíveis para a venda imediata nos mercados europeus, fez com que Portugal desse início a um novo tipo de exploração diferente das feitorias que tinha criado na África - Portugal estabeleceu um sistema de colonização das terras brasileiras.
            Apesar de extenso e exuberante o Brasil só tinha como produto pronto para exploração o pau-brasil. Isso por que os índios que aqui viviam não sentiam necessidade de produzir uma agricultura comercial para sobreviverem, eram povos seminômades, viviam principalmente da caça e da pesca, as lavouras que mantinham em geral eram de mandioca, artigo que não despertava nenhum interesse econômico para Portugal. Porém, as terras, muito produtivas, e o clima quente favoreceu desde o início o plantio da cana-de-açúcar, especialmente na região mais ao norte.


A região mais ao norte, a partir da Bahia de Todos os Santos, com clima quente, chuvas regulares e solo muito produtivo, favoreceu o estabelecimento do cultivo da cana-de-açúcar.
As capitanias mais ao sul, a partir de ilhéus, sofriam com períodos mais longos e rigorosos de chuva, um relevo mais acidentado e o clima mais frio. Apesar da cana-de-açúcar também ter sido implantada na região, a produtividade não era satisfatória. Até o início do séc. XVIII, a região ao sul, possuía uma economia decadente, viva principalmente da criação de porcos e da produção da farinha de mandioca (na época chamada de farinha de guerra), ambas vendidas aos navios portugueses que faziam escala no Brasil, antes de seguirem viagem para o litoral africano. 


A PRODUÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR E A ESCRAVIDÃO INDÍGENA

            A principal riqueza do Brasil, durante quase todo o período Colonial foi a produção da cana-de-açúcar, porém o plantio, os cuidados com a lavoura e depois a colheita exigia muita mão-de-obra, centenas e até milhares de pessoas eram usadas para manter os canaviais que se expandiam territorialmente no Brasil. Em Portugal, não havia a quantidade de pessoas que a nova empreitada exigia, além do mais, os portugueses que vinham para o Brasil não estavam dispostos a trabalharem nas plantações, queriam utilizar a estadia na colônia para acumularem riquezas.
            Os primeiros a serem escravizados foram os índios. Inicialmente, os portugueses pensaram em aproveitar do contato já estabelecido com os índios na atividade de extração do pau-brasil. Nesse período, os índios realizavam essa extração por meio de um trabalho esporádico recompensado pelos produtos trazidos pelos lusitanos na prática do escambo. Posteriormente,os índios passaram a ser capturados em guerras dos colonos no interior do país, sendo destinados ao trabalho nos engenhos. O período de 1540 até 1570 marcou o apogeu da escravidão indígena nos engenhos brasileiros, especialmente naqueles localizados na região que atualmente abrange desde o estado de Pernambuco e até a Bahia. Porém, houve muitas resistências: os índios fugiam e frequentemente organizavam guerras contra os colonos; também havia a oposição dos jesuítas que tentavam proteger os índios catequisados em pequenas vilas chamadas de missões.
Todas essas reações dificultavam a organização da economia colonial e comprometiam os interesses comerciais da metrópole, voltados para acumulação de capital. Mas, de fato, a escravidão indígena foi suplantada no norte, apenas com a introdução do escravo africano. O tráfico negreiro, administrado pelo próprio Estado português, gerava lucros extraordinários, levando à progressiva substituição do escravo índio pelo escravo africano.
Enquanto, a partir do século XVII, nas capitanias do norte predominava a escravidão de africanos, no sul, o trabalho indígena continuava sendo amplamente empregado. Isso ocorria porque o escravo africano era muito caro e os colonos que viviam no sul não conseguiam comprá-los em grande quantidade. Assim, a escravidão indígena servia como alternativa à falta e o alto custo de uma peça trazida da África. Preferencialmente, os colonos atacavam as populações indígenas ligadas às missões jesuíticas, pois estes já se mostravam habituados aos valores da cultura ocidental.
A escravidão indígena foi oficialmente extinta no século XVIII, momento em que o marquês de Pombal estabeleceu um conjunto de transformações na administração colonial. Primeiramente, ordenou a expulsão dos jesuítas do Brasil mediante a ampla influência política e econômica que tinha dentro da colônia. Logo depois, em 1757, proibiu a escravidão indígena e transformou algumas aldeias em vilas submetidas ao poderio da Coroa.


Assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=X7ZjKwCiAuY